quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

A difícil tarefa de produzir textos subjetivos


Em 2010, a proposta de redação da Unesp tinha como tema “ Felicidade: entre ter e o ser”. Se você não conhece este tema leia o artigo Proposta de Redação Unesp 2010: Felicidade: entre ter e o ser. Naquele momento muitos vestibulandos reclamaram do tema apresentado e não conseguiram desenvolver suas redações com qualidade o bastante para garantir suas aprovações, provavelmente porque este é um tema subjetivo. Tendo em isto em mente, faça um exercício de reflexão: Você conseguiria produzir uma redação nota 10 com uma proposta subjetiva? Caso a resposta seja negativa, sugiro que leia com atenção este artigo e treine este tipo de texto.

Mas afinal, qual o que significar “Subjetivo”?

O termo subjetivo está relacionado diretamente com o sujeito, ou seja, com a individualidade das pessoas. Por exemplo, quando eu escrevo “quebre as correntes” algumas pessoas podem entender, de maneira literal, que estou falando para destruir uma corrente metálica, outros, no entanto, podem imaginar que ele deve romper uma situação ou estado de espírito. O mesmo acontece quando utilizamos expressões do tipo: “a vaca foi para o brejo” para informar que estamos em um momento de dificuldade. A subjetividade, portanto, depende da capacidade das pessoas de entenderem o real significado do que é dito ou escrito.

Por que um tema subjetivo é tão difícil de escrever?

Agora que entendemos o significado do termo “subjetivo” você deve se perguntar o motivo dele ser cobrado em provas e o porquê de tantas pessoas terem dificuldade com esse tipo de texto. A resposta é bem simples: ao escrever um texto subjetivo, muitas vezes nos esquecemos de que o leitor pode não entender o que tentamos dizer.
Para solucionar este tipo de problema é interessante transformar o “subjetivo” em algo “objetivo”. Fazendo isso, certamente o leitor terá uma compreensão maior dos nossos pontos de vista. No exemplo que citei no começo deste artigo foi pedido que o estudante escrevesse sobre a felicidade, não o termo subjetivo em si, mas sim a diferença entre ter algo ou ser algo. Assim, os examinadores tinham como o objetivo que o estudante trabalhasse o que é importante para ser feliz? Se para ele é necessário riquezas, prazeres, tecnologia, sucesso profissional e pessoal? Ou simplicidade, tranquilidade, renúncia às grandes ambições, busca do bem estar individual na autenticidade do ser, na natureza e na própria natureza humana?

Para tanto o estudante deveria argumentar de maneira objetiva os motivos que o levam a acreditar que ter determinadas coisas resulta em felicidade, ou se ser determinado tipo de pessoa é o necessário para ser feliz. Parando para analisar, o examinador não está preocupado com o que você acha correto, mas com os motivos OBJETIVOS que o faz ter tal posicionamento. Por exemplo, uma pessoa pode afirmar que “sendo bem sucedido em seu trabalho um indivíduo está mais propenso a ser feliz, visto que a atividade que escolheu lhe traz facilidades para o mesmo e para sua família“, perceba que utilizei o termo “propenso”  para evitar a duplicidade de entendimento e resguardar a possibilidade desse indivíduo ser infeliz e contradizer toda minha argumentação.
Acredito que seguindo esta linha de raciocínio você não terá problemas com textos subjetivos, desde que demonstre claramente o que faz você pensar desta maneira e não de outra. Espero que tenha os ajudado na difícil tarefa produzir textos objetivos em cima de uma proposta objetiva. Todavia, caso não tenha sido claro o bastante no artigo, terei o prazer de esclarecer suas dúvidas desde que apresentadas nos comentários deste artigo.

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